terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sozinha



Era um dia de Inverno, ela estava no seu quarto sentada no seu sofá em forma de lua minguante, olhava a janela, ou o que podia observar através dela.
Chovia torrencialmente e ela olhava tristemente para todas aquelas gotas que o céu insistia em chorar e comparava toda aquela imensidão ao amor que vivia no seu coração.
Tinham passado 365 dias desde a última vez que o tinha visto... Ainda não conseguia falar sobre isso com ninguém. Lacerava-a tanto pensar que já não podia viver nada daquilo outra vez, pensar que ele tinha partido.
Acreditava piamente que estava num sítio melhor, mas isso era ele, ela estava num mundo onde não queria viver. Não aguentava toda aquela tristeza, toda aquela saudade e achava que não seria capaz de resistir a tantos sentimentos negativos num coração tão pequeno como o dela.
Olhava a chuva e por momentos lembrou-se do que a mãe lhe dizia acerca da mesma: "às vezes quando um anjo está triste chora", estaria o seu anjo triste? Estaria ele também cheio de saudades? Será que a culpava?
E o que mais custava é que a última vez que estiveram juntos acabaram a noite a discutir. As últimas palavras que lhe tinha dito foram "Eu amo-te mas não aguento mais isto" e ao dizer isto desviou os olhos da estrada e deu-se o acidente... Por sua culpa ele faleceu. Por sua culpa...
Ela queria tanto apagar aquele maldito segundo em que desviou os olhos, desejava não o ter feito, desejava que não tivessem discutido.
Posteriormente ele apercebeu-se da gravidade e avisou-a que iria partir, ela não quis acreditar, ignorou-o na realidade. Manteve-se ao seu lado, encostada ao seu peito, ouviu os seus últimos batimentos, não o largou até que os paramédicos a agarraram e mesmo assim ela lutava, esperneava, gritava para que a deixassem ficar ali com ele, mas era tarde...

Agora todos os momentos que viveram juntos não passavam de recordações, simples, intensas e dolorosas.
Chorava descontroladamente, não exteriormente mas, muitas eram as lágrimas que escorriam pelo o seu peito. De olhos fechados olhava para todos os planos que tinham para o futuro, mas o que ia fazer ela se não tinha a sua metade?
Tudo o que tinha vivido tinha sido um sonho que ela desejava que durasse para sempre, até aquela noite ela só desejava isso, até que ele a deixou sozinha ...

Ela olhava a chuva e dizia para si mesma: Estou sozinha, sou sozinha.

1 comentário:

Poliana Fonteles disse...

Ain, tão triste...porém.. LINDO!

adorie seu cantinho!