quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Felicidade



Era uma bela manhã de Primavera, Sofia tinha acabado de acordar, resplandecente tal como o sol que lhe entrava pela a janela do seu quarto, ouviu então três batidas na porta, era a sua governanta para lhe entregar uma carta. Olhava, através da sua janela, fixamente para o jardim da sua casa, jardim esse que lhe parecia infindável e tão cheio de vida. O seu olhar pairava no campinho de papoilas que tinham. Confundia toda aquela imensidão de vermelho com a felicidade que sentia nesse dia e nos últimos dias, deu por si a sonhar acordada com o seu amor, o seu eterno amor.
Voltou à realidade e desta vez olhava para a carta, o envelope tinha uns enfeites dourados e nada referia, contudo, Sofia sabia muito bem quem lhe tinha enviado a carta, perguntava-se como tinha ele adivinhado as horas a que ia acordar, devido a toda a sincronia do momento.
Leu aquela carta de amor, suspirou vezes sem conta não acreditando que finalmente tinha chegado a sua vez de viver o seu sonho, e logo um sonho tão perfeito, tão cheio de vida, tão cheio de amor. Deu imediatamente graças aos Céus por toda a felicidade que estava a experienciar e ao mesmo tempo desejava mais e mais, ansiava por todo o futuro sorridente e apaixonado que a parecia esperar.
Sentia tanta vontade de ser capaz de espreitar o futuro, imaginava como seria todo aquele sentimento... Será que iria sobreviver às marcas do tempo? Estariam juntos dali a uns anos? Apesar destas perguntas lhe passearem pelo pensamento, sempre que imaginava o seu futuro via-se, a si, muito velhinha, num alpendre de madeira, a assistir ao pôr-do-sol, a toda a magia que o crepúsculo é capaz de nos trazer, e claro via-se sentada ao lado do seu amor porque acreditava que, apesar de não ser capaz de olhar além do presente, acreditava piamente que o amor que vivia era o melhor de sempre, que ele era o tal, mais ninguém a poderia fazer tão feliz.
No meio de tantos sonhos e de tanta felicidade acabou por recordar os momentos já vividos, percebia que todos os passos que até ali tinha dado na sua vida foram na direcção do seu destino, do seu amor, e que todos eles, apesar de terem trazido tanto tristeza como felicidade, foram os correctos pois permitiram-lhe chegar ao expoente da felicidade e este dia era particularmente especial.
Faziam 7 meses, apenas 7 meses, mas sentia-se tão feliz e plena que parecia que já tinham partilhado uma vida junta e que estavam a viver o seu amor pela segunda vez...
Pensou para com os seus botões, enquanto escovava o seu longo cabelo aloirado que, às vezes as segundas oportunidades são bem melhores que as primeiras e que não vale a pena deixar um amor fugir só porque no passado já tinha sido magoada.
Olhou de volta o campo de papoilas, não era o seu tipo de flor favorita mas, sem saber porquê, ao olhá-las não conseguia parar de sorrir.

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